"(...)Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro. Entendê-lo não é o modo de vê-lo." Clarice Lispector, no conto "O ovo e a galinha".
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domingo, 31 de dezembro de 2006
Tempus sine nomine
Adicione uma chuvinha teimosa e um belo resfriado a um dia de domingo pra ver no que dá: esta falta de jeito pra fazer qualquer coisa. Um pouco de música, um tanto de leitura, mais um tempinho com jogos, um pouco de conversa... Temos aí um dia escorregadio, passando entre coisas, sem se deter em nada. As últimas horas do ano escorrendo.
Esquisito é se afastar um pouco do próprio pensamento e dar por si mesmo numa sequência de dias que existem independentes de nós. E no fim toda a definição (arbitrária) que damos à passagem do tempo (horas, meses, etc.) é o que importa. "31 de dezembro" parece ser um lado, "01 de janeiro", o outro lado de um lapso no tempo. E nós ficamos no intervalo do dia que passa, fronteira entre o passado e o futuro de nós mesmos. De nosso, verdadeiramente nosso, só este dia que está se acabando, este dia sem nome, sem milagre e sem enfeite...
E eu deveria dizer, seguindo os meus próprios descaminhos: "Feliz Intervalo Novo", um brinde ao tempo sem janeiro-fevereiro, à vida sem número. Um brinde a tudo que se passa para além da janela, anonimamente...
Não poderia terminar sem deixar aqui um pedacinho inesquecível da minha leitura de hoje, de um conto do Saramago (O Conto da Ilha Desconhecida):
"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar"
Chaos et vita.
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