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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Vertiginografias

a mulher que morreu dias atrás ardia no sol de uma quarta-feira sem mais pretensões que a de viver até apagar a idéia do fim fabricado o eco do último instante numa notícia arranhada em alto-falantes som é tudo o que sobra desdobramento e depois um eco um esboço de recordação mais adiante e por fim substrato artefato projeto atrasado nada esquecimento oblivio
as paredes da existência são cascas de ovo admirável mundo-ovo que mal tocado escancara aflições e esperanças e medos e fugas e dói não saber o que foge a essa análise que percepção que omissão vinda de outros séculos quem escondeu a palavra que abriria o cofre a frase que derrotaria essa esfinge feita de espera e ânsia
ninguém nas escadas e nos corredores ninguém na calçada ninguém capaz de passar por uma rua e ser para sempre alguém que passa por uma rua sempre alguém que passa por todas as ruas possíveis e impossíveis sempre alguém que pode estar aqui ou ali sem controle e se orientando sempre pela passagem das horas pela necessidade de estar aqui e depois em outra parte movimentando
porque viver jorra movimentos pra todo lado quem olha quem caminha quem corre quem move os braços alçando todos os gestos quem articula a pronúncia de cada palavra ah as medidas para se saber existindo!
construções e ruínas para figurar o ir-e-vir de todas as coisas quem omitiu o desastre o desacerto o desalinho não sabia nem nunca saberá o paradeiro das esperanças mais reluzentes

Um comentário:

Anônimo disse...

ótimo trecho caos:
as paredes da existência são cascas de ovo admirável mundo-ovo que mal tocado escancara aflições e esperanças e medos e fugas e dói não saber o que foge a essa análise que percepção que omissão vinda de outros séculos quem escondeu a palavra que abriria o cofre a frase que derrotaria essa esfinge feita de espera e ânsia
de resto o texto esta legal, meio caótico (rsss) e parece uma brainstorm
a vida jorra movimento e vc jorra ideias
bjos